Paralelo zero, o marco do Equador

22 de maio de 2020
Irineu Ramos

Certamente nenhuma outra república do mundo soube tirar tanto benefício do fato de estar localizada justamente na linha que divide o planeta em duas partes: o paralelo zero. O Brasil também é cortado por ele, em Macapá, onde existe um monumento e um pequeno museu sobre a linha do equador. Mas só o Equador soube transformar este fato em ações lucrativas. A linha corta todo o país. O ponto é tão importante que se transformou num município, a Ciudad de La Mitad del Mundo.

No parque temático sobre a latitude zero está um grande monumento em pedra vulcânica com os pontos cardeais e a famosa linha o equador. Esta demarcação foi feita por uma expedição em meados do século XVIII composta por geólogos e estudiosos franceses e espanhóis que passaram em torno de oito anos medindo, mapeando e estudando fauna, flora e a geografia da metade do mundo. Devido a altitude o clima se altera com rapidez e muitas vezes o local é coberto por uma neblina densa enchendo o ambiente de mais mistérios.

A duzentos metros dali, o vizinho museu Inti-ran se aliou à tecnologia para vender a verdadeira localização da latitude zero, medida por GPS. Em um espaço bem menor, proporciona uma visita muito mais instrutiva sobre a verdadeira metade do mundo, com demonstrações sobre as suas forças e propriedades.


Foto: Lorenzoclick on Visual hunt

No roteiro de visitas e demonstrações o visitante assiste o teste da água caindo na pia, no hemisfério sul o redemoinho cai em sentido horário, no norte, anti-horário e exatamente acima da linha do equador ela cai direto, sem redemoinho algum. A demonstração é simples e sem truque. Além disso é possível equilibrar um ovo na ponta chata de um prego e até andar de olhos fechados pé ante pé e sentir o efeito das forças centripeta e centrifuga no equilíbrio humano.

Papallacta

Agende com um receptivo local e conheça as termas de Papallacta erguida sobre solo vulcânico. A terma está localizada a cerca de duas horas de carro ao norte de Quito. Fica num vale cercado de montanhas. O local é, também, um hotel e parque nacional com trilhas de diferentes níveis de dificuldade para montanhistas. O trajeto até lá é feito pela rodovia Transamericana que corta toda a Cordilheira dos Andes. A paisagem é magnífica.

No caminho faça uma parada na Fazenda Companhia de Jesus, na vila de Cayambe, província de Pichincha, uma construção feita pelos jesuítas no século XVI e a gerações é administrada pela família Rarrin. O local transformou-se numa fazenda de flores. A casa principal da fazenda é preservada com móveis e decoração da época. Uma volta a um passado de requinte e soberba.

Continuando o passeio, ao chegar às termas o visitante vai descobrir que está no lugar ideal para curtir paz e sossego e ainda aproveitar o poder curativo das águas quentes que saem do subsolo nas piscinas termais. A recepção do hotel e das termas é separada das cabanas simples e charmosas. As refeições são servidas no restaurante que oferece pratos quentes com preços pra lá de razoáveis. A parte do spa e piscinas tem custo diário de US$ 18, incluindo a toalha e o armário para guardar roupas. Melhor idade tem desconto de 50%. Pernoitar no hotel é tudo de bom. Aproveite.

Otavalo

Cerca 120 quilômetros de Quito, na província de Imbabura, fica Otavalo, aldeia onde a concentração da população indígena é significativa. Lá é realizada a maior feira livre de artesanato do país e um ponto turístico obrigatório. São mais de mil barracas distribuídas pela Plaza de Los Ponchos e por diversas ruas ao redor, onde o turista encontra praticamente tudo da produção artesanal equatoriana. Peças em tecido, barro, madeira, tagua (tipo de semente típica da região), lã de alpaca, chapéus, sombreiros e uma infinidade de objetos são oferecidas por preços acessíveis.

Gastronomia

Pratos com produtos exóticos como os preparados com carne de porquinho da índia ficam de lado quando o assunto é gastronomia equatoriana. Os restaurantes adotam cada vez mais um cardápio internacional, modificando o cartão postal da tão temida comida local, que para muitos turistas são consideradas fora de conhecimento e sabor degustativo.

Vale lembrar que comer num restaurante do interior é diferente de um do litoral. As culturas gastronômicas não se assemelham em praticamente nada, desmitificando assim a união de hábitos, costumes e tradições em um país pequeno em sua extensão e enorme na diversidade culinária.

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