Da neve ao vinho

15 de agosto de 2019
Fernanda Bertin

O roteiro perfeito para temporada de esqui no Chile

Era início da temporada de neve no Chile. Calculamos três noites para passar em Santiago: fomos na sexta e voltamos na segunda-feira. Estávamos buscando as delícias do inverno que o Chile oferece: neve e vinho

Voamos em uma sexta-feira no início do inverno pela Skyairline. Foi, definitivamente, uma compra de passagem impulsiva, o preço estava tão bom que foi quase obrigatório o próximo destino ser o outro lado das cordilheiras. 

Primeiro dia

Aterrissamos perto do meio-dia, saímos do aeroporto, pegamos um táxi e fomos para o hotel deixar as malas e depois almoçar. Nesse dia escolhemos ficar em Santiago, no bairro de BellaVista, pois ali estava o nosso hotel, o maior centro comercial turístico da cidade, algumas agências onde poderíamos comprar os pacotes para as estações de neve, além de ser o bairro mais boêmio da capital chilena.

Em BellaVista encontramos todo tipo de gastronomia, bares e opções de diversão: desde música ao vivo, locais para dançar – salsa principalmente – e discotecas que vão madrugada adentro. O restante do dia foi ali, almoçamos no Pátio BellaVista – um boulevard cheio de ofertas gastronômicas na Rua Pio IX, após uma deliciosa refeição peruana fomos em direção a La Chascona, uma das três casas de Neruda existentes no país.

La Chascona (a descabelada, em português) era como o poeta se referia a Matilde, sua amante. A casa que atualmente é um Museu, foi construída na década de 1950 e era o local onde Pablo Neruda e Matilde se encontravam periodicamente por muitos anos e logo moraram juntos.

A casa está localizada próxima a outras atrações, como por exemplo aos pés do Cerro San Cristóbal, outro ponto turístico da capital, bem perto do funicular para subir. Nossa recomendação é visitar a casa no mesmo dia da visita ao Cerro. O que para nós foi perfeito, fomos na sexta-feira e ambas atrações estavam vazias. Os turistas costumam ir aos domingos, então nesse dia normalmente fica bem cheio. 

Cansados, voltamos para o hotel, tomamos uma ducha e dormimos um pouco, já que era sexta, queríamos aproveitar um pouquinho da noite. Fomos comer a famosa chorrillana do Galindo – bar típico chileno na esquina da rua Constitución com Dardignac – e tomar algumas canecas de chopp. Uma característica de BellaVista é que por apenas uma rua percebe-se a divisão entre os jovens universitários da Pio IX e os turistas que frequentam a paralela de cima, onde estão localizados restaurantes excelentes e bem-conceituados como Azul Profundo e Como Água para Chocolate.

Dia 2 – Neve

Compramos nosso passe para a estação de esqui para o sábado. Escolhemos La Parva, pois nos soava a menos popular dentro da agenda dos brasileiros. Acordamos, arrumamos nossa mochilinha, tomamos café e descemos para esperar a van sair para nos levar. Me senti a Bridget Jones no segundo filme, No Limite da Razão, quando vai para uma estação de esqui com seu amor. 

O diferencial de La Parva é ser a única com uma vista incrível dos arredores de Santiago. Para chegar até lá enfrentamos muitas curvas e alguns momentos de enjoo. Ali é o point de amigos e família. Apesar de não ter hotéis, o vilarejo tem bangalôs e apartamentos completos que comportam de 4 a 12 pessoas para alugar. Algumas de suas pistas de esqui se conectam com as do Valle Nevado e fica bem próxima também da estação El Colorado. 

Aconselhamos reservar o dia inteiro para o passeio com inclusão dos equipamentos e roupa de proteção. Para relaxar um pouco, nos sentamos em um dos montinhos de neve, antes de partir para a próxima descida, tiramos da mochila uma pequena garrafinha e ali tomamos um “On The Rocks” com o gelo da neve, um suco de laranja, levado do café da manhã, fez as vezes de whisky para brincarmos e matar nossa vontade de consumir neve.

O dia passou, caiu a tarde e já estávamos bastante cansados, prontos para descansar e dormir até o dia seguinte, tanto que nem chegamos a jantar. Embora tivéssemos planos para ir a uma pizzaria que nos foi indicada, chamada Tiramisu, localizada em Las Condes – um bairro mais afastado de onde estávamos, uma das melhores de Santiago. 

Dia 3 – Vinho

No domingo estávamos prontos para uma deliciosa visita ao Valle de Casablanca, rota do vinho próximo a Santiago, caminho para o litoral. Se ficássemos mais alguns dias, poderíamos fazer o tour Valparaiso e Viña Del Mar. Fomos de van, mas você pode ir de ônibus, descer na pracinha do vilarejo e pegar um táxi. 

Primeira parada: Veramonte. Fizemos um tour com um guia bem bacana, ele nos contou tudo sobre a Veramonte, explicou sobre o processo de produção e a predominância das cepas brancas em Casablanca. Ali conhecemos o processo, e fomos degustar 4 rótulos. Dentre eles, o Neyen 2012.

Segunda Parada: Estancia El Cuadro, uma vinícola pequena focada em eventos e casamentos. Os olhos se enchem de lágrimas com o espetáculo do cenário. O tour no vinhedo é feito em uma charrete. Aqui a dica é: quando a charrete parar no meio do vinhedo, fazer um giro de 360 graus. Dar-se conta que está cercada por montanhas e que somos uma sementinha nesse universo tão incrível, é realmente fascinante. 

A guia explicou sobre o jardim com 26 variedades de uvas. Logo passamos ao museu e degustação de 4 cepas. O Museo del Viño é muito curioso. Com personagens talhados em madeira, em tamanho natural, muito bem cuidados e preservados.

A Estância El Cuadro também possui restaurante e tem um tour chamado “Vinhos e Tradições” extremamente interessante. 

Terceira parada: Casas del Bosque. Começamos falando do premiado restaurante Tanino. Se você quiser uma boa refeição, faça por lá. Chegamos às 3 da tarde, com muita fome e fomos direto comer. Eles têm uma opção de menu degustação: uma combinação do prato com o vinho. Após o almoço fizemos o tour “Enólogo por um dia”, uma experiência em que você faz o seu próprio vinho. Vale a pena. Saímos muito contentes com o passeio e com as degustações.

Tristes, voltamos a Santiago, e nos restava a noite para curtir e a manhã do dia seguinte para fazer um tour pelo centro velho e conhecer o poderio de La Moneda. Como era domingo e estávamos cansados optamos por comer algo leve, fomos no Azul Profundo, atravessamos a rua Consitución, a mesma do nosso hotel, para jantar. 

Último e derradeiro dia

Arrumamos as malas, deixamos tudo pronto, fomos tomar café da manhã e saímos para bater perna pelo centro da capital. Nosso trajeto foi La Moneda – palácio do governo chileno, e Cerro Santa Lucia – antigo castelo onde funcionou o primeiro forte do país. Hoje, um dos pontos turísticos mais visitados da cidade. Às 11h estávamos de volta ao hotel, buscamos nossas malas e partimos para o voo das 13h45.

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