O que fazer quando as crianças começam a mentir?

27 de abril de 2021
Joao Vitor Ferreira
Foto: Reprodução

Crianças possuem uma imaginação incrível e por vezes acabam confundindo a realidade com aquilo que criam em suas cabeças. É comum quando aprontam alguma bagunça, e são confrontadas por conta disso, acabarem dando respostas que para um adulto não tem muita lógica. Para tranquilizar os pais, as crianças aprendem a mentir quase naturalmente (em nosso podcast do especial desse mês discutimos um pouco sobre isso), já que a mentira é comum em nosso meio social, porém é preciso ficar atento.

Os pequenos aprendem a contar as mentiras da mesma forma que aprendem muitas outras coisas: observando os adultos com quem convivem. Segundo a professora Maria Ângela Barbato, da PUC-SP, por volta dos 4 ou 5 anos as crianças já começam a contar as primeiras mentiras por diversos motivos, como não decepcionar alguém, conseguir algo que queiram, escapar de alguma punição ou castigo, chamar a atenção dos pais ou pra fugir de responsabilidades. A professora, que também coordena o Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da PUC-SP, explica que “as crianças começam a mentir muito mais por influência dos adultos, já que os mais novos tendem a ser bem mais sinceros.

Um estudo feito em 2010 pelo Instituto de Estudos da Criança da Universidade de Toronto, no Canadá, provou que crianças mais novas são mais sinceras. A pesquisa envolveu 1,2 mil crianças e jovens de dois a 17 anos e apenas 20% das crianças de dois anos foram capazes de mentir durante o teste. Na faixa etária dos quatro anos, esse número foi de 90%.

Elas não estão imunes à mentira, uma hora ou outra vai acontecer, e para os pais, o mais importante é saber conversar. Até os 5 ou 6 anos as crianças ainda confundem o que é imaginação com o que é realidade e podem acabar misturando as duas coisas, nessa hora os pais devem buscar compreender o porquê da criança ter criado aquela história. Em alguns casos a criança apenas confundiu seus pensamentos e não falou a verdade por conta disso. Não houve maldade. A partir dos 7 anos elas já conseguem discernir o real da fantasia, então os pais devem prestar mais atenção nas histórias dos filhos.

Para todos os casos, o principal conselho da professora é sempre o diálogo. Quando observar alguma incoerência nas histórias contadas pelos filhos busque entender o motivo que levou ele aquilo, já que esse tipo de comportamento pode estar relacionado a possíveis frustrações da criança. 

Uma outra dica é evitar confrontar diretamente. Ao invés de perguntar “quem te bateu na escola?” é melhor usar uma pergunta mais ampla, como “o que aconteceu na escola hoje?”. O medo da punição é uma das causas que leva a criança a mentir, então elas devem se sentir mais confortáveis em contar as coisas de sua própria maneira.

A professora Maria Ângela também lembra que mesmo que elas aprendam com professores e colegas, os pais são os principais exemplos: “em relação aos pais, é importante que eles não sejam mentirosos. Em alguns casos é melhor que eles omitam a verdade ao invés de mentir.”

Embora natural, a mentira nunca deve ser aconselhada ou incentivada às crianças. Como vimos em outras matérias do nosso especial, mentir é algo vicioso, ou seja, quanto mais você mente mais você vai querer mentir. Uma criança que não é orientada sobre os males que a mentira causa, pode vir a ter sérios problemas no desenvolvimento de seu caráter. “Os pais sempre devem aconselhar os filhos a não mentir, ou em determinados casos, a omitir. A mentira nunca leva a nada e pode machucar muitas pessoas”, aconselha a professora Maria Ângela Barbato.

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